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Wed

17

Nov

2010

O Resto de Sua Vida

Estarei ausente do blog pelos próximos meses. Retorno em 2011 com uma grande surpresa...

 

"O que vai fazer com o resto da sua vida? Vou amar e ser amada. Vou ser feliz!"

Alessandra Marques

 

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Fri

22

Oct

2010

Tudo Começou Lá no Mato do Tição

Anos atrás, diante da inquietude que me assolava o coração, numa ânsia incansável de qualidade de vida e de ser feliz, começou meu ponto de mutação!


Não por acaso, passei por uma cirurgia de reconstrução dos ligamentos do meu joelho direito, que há mais de quinze anos havia se rompido sem que eu lhe desse a menor atenção. Ao longo destes quinze anos foram muitas pernas falseadas, rotações doloridas, num grito de dor que anunciava que era tempo de reforçar as bases.

 

Foi quando reaprendi a caminhar! Literal e metaforicamente falando.


O primeiro passo desta trilha foi representado por um corte, não da pele, mas de uma relação de trabalho que durava quatro anos.

 

A partir do momento em que fazemos a escolha por uma entrega criativa, é interessante perceber como a vida vai, aos poucos, nos preparando para o caminho que iremos trilhar ...

 

Instigar o imaginário de seres humanos a desabrocharem com seus talentos inatos, suas habilidades inconfundíveis, escondidas há tanto tempo dentro de si mesmos, requer maestria. Essa passou a ser a minha busca!

 

Minha vontade era tamanha que em menos de um mês germinou a semente de um projeto real nas trilhas de Minas, um projeto que deu certo, que me trouxe muito mais do que remuneração financeira. A moeda na qual fui paga foi a moeda da alegria e da sabedoria. É claro que também, por conseqüência, na moeda do real.

 

Vi então no “Descubra Minas” o anúncio de uma festa tradicional: a festa de São João do Mato do Tição, que acontece todos os anos na cidade natal de meus pais. Ao lado uma foto: Dona Divina de Siqueira, matriarca do Quilombo do Mato do Tição!

 

Conheci Dona Divina no dia das crianças daquele mesmo ano. E fui embora, junto com meu irmão e alguns amigos, com a esperança de ali retornar e trazer muito mais do que restos que não nos serviam mais.

 

Semanas depois, conheci Lindomar, uma nota musical, o Dó, o líder, um ponto luminoso, como costuma dizer o sábio Tião Rocha!

 

Ali, no Mato do Tição, nasceu o Mosaico Geraes!

 

Quanta alegria perceber que a partir de então meus projetos de vida cresciam a olhos vistos diante de mim! Quanta alegria ver hoje que aquela flor, que sabe Deus como conseguiu sobreviver entre tantas pedras, virou jardim! Quanta alegria saber que ali brotou a minha voz, brotou a semente de Olhos Negros, brotou a semente da imersão criativa em projetos de vida!

 

Tudo isso porque minha criança interior veio, olhou aquela flor e resolveu voltar, cuidar, regar, adubar, ao invés de simplesmente passar!

 

E hoje, minha missão é meu norte, minha visão de futuro é meu guia. O amor é meu caminhar!

 

Meus sonhos se alinharam ao caminho do Sol e da Lua. Raros são os que conseguem tal façanha! Torna-se leve o caminho, abrem-se as portas sem ser preciso forçar.

 

Este é o segredo!

 

E a sede que me move é a de compartilhar o que aprendi e o que descobri nessas viagens interiores, intensas em experimentações e vivências simplesmente maravilhosas!

 

“Conhecer o Mato do Tição transformou completamente a minha vida!”

 Alessandra Marques 

 

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Thu

23

Sep

2010

Alma Não Tem Cor

Nem negra de alma branca,

Nem branca de alma negra.

A cultura é negra, não preta.

 

Alma não tem sexo, não tem raça.

Alma não tem religião, nem time de futebol.

Alma não tem partido político, não tem país, nem língua nacional.

 

Alma não tem cheiro, nem sabor.

Alma é como o Sol.

Alma é Universal.

 

Alma não tem cor!

  

“Eu sei o que vai no meu coração quando eu penso no Mato do Tição!”

 Alessandra Marques 

 

 

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Tue

31

Aug

2010

Cultura Quilombola

Uma pessoa me disse que andava desacreditada da sobrevivência da cultura quilombola. Eu discordo.


A cultura negra faz parte da história da humanidade. Ela é o nosso berço. Ela é nossa ama de leite.


Especificamente no Brasil, ela está presente nas danças, na culinária, nas festas, na nossa pele, nosso cabelo, na nossa crença, na música, nas brincadeiras de criança, ...


Está nas ruas, nas cidades, nos corações, no vizinho ao lado. Está tão profundamente entranhada em nossas veias que só não vê quem carece de visão.


Deixar morrer a cultura negra é deixar morrer nossa própria história!


Por outro lado, é muito cruel querer que os quilombolas vivam em condições subhumanas, como muitos vivem hoje. Essa não era a proposta original dos quilombos. Lá havia também dignidade!


É preciso levar condições e atratividade para que os quilombolas permaneçam em suas origens. Mas achar que manter suas origens significa não deixar nunca seus quilombos para ver e conhecer outros mundos e culturas é sutilmente querer manter uma subjugação, uma distância, de quem, preconceituosamente, ainda considera os negros indignos de participar do nosso círculo de convivência. Eles também têm o direito a acessar o que o mundo oferece.


Mas como é, então, deixar viver essa cultura belíssima?


É se propor a transmitir, de geração a geração, a história representativa de Palmares, repleta de exemplos de vida, de superação, de sabedoria!


É compreender, de geração a geração, os significados escondidos por trás dos símbolos.


É contar, de geração a geração, que os negros e sua cultura estão associados, cada vez mais, à história, à festa, à alegria, aos tambores, às congadas, às manifestações religiosas.


É levar, de geração a geração, essa cultura mundo afora!

Cada dia mais. Cada vez mais!

 

“Saber, cultura, tradição...

Fogueira, lenha e tição...

Conga, Maria, assombração ...

Folia, reza, emoção...

Um povo negro, amigo, e forte.

Sagrado, mito, ebulição!

Que vive um tempo estranho.

Sobe o morro

Em meio à escuridão.

 

Olha os nego do meio da mata!

Olha a festa no meio da mata!

Nego na escuridão da mata.

Olha os nego!

Olhos Negros!”

 

Trecho da canção “Olhos Negros”, de Ernesto Marques.

Uma homenagem aos amigos do Quilombo do Mato do Tição

 

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Tue

10

Aug

2010

Não Deixe o Samba Morrer

A cultura negra sempre me inspirou muito respeito. Talvez por isso eu acredite que falar sobre ela requer muita pesquisa e muito cuidado.


Cuidado para não restringir a história dos negros afro-descendentes no Brasil à história de sofrimento e escravidão.

 

Afinal, a riqueza da história e das contribuições dos negros para o país e para a humanidade é muito mais ampla do que isso.

 

Além disso, escravidão não é sinônimo de negritude. Na antiguidade ou nos dias atuais, regimes de segregação, racial ou não, sempre estiveram presentes na história, atingindo negros, cristãos, judeus, mulheres, homossexuais, para citar alguns.

 

E mais, as manifestações culturais de origem afro sempre vêm acompanhadas de cantos, danças, festas, cores, artes... Todas representativas de alegria!

 

Dentre estas manifestações culturais, o samba se destaca no Brasil como uma das mais populares.

 

Derivado de raízes africanas e surgido no Brasil no final de 1916, inicio de 1917, com a gravação do primeiro samba Pelo Telefone, o samba foi reconhecido como uma das principais manifestações da cultura popular brasileira através do registro das matrizes do samba no Rio de Janeiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 9 de outubro de 2007, no Livro de Registro das Formas de Expressão do Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, como Patrimônio Cultural do país.

 

O título de um dos sambas mais famosos no Brasil, composto por Edson Conceição e Aloísio, foi também o recado final deixado por Dóris, cantora e idealizadora do projeto Cantando a História do Samba, em entrevista exibida na Band no dia 04.07.2010, no Programa Extra-Classe, que pode ser encontrada no YouTube.

 

Como uma das contribuições para a implementação da Lei Federal 10.639/2003, o projeto tem como objetivo principal preservar e divulgar a memória social e cultural do samba, além de levar a história e a cultura afro-brasileira e africana até as escolas e à sociedade através do samba.

 

O projeto é o fio condutor do Seminário Diálogos entre o Samba e a Escola, que acontece nos dias 24, 25 e 26 de agosto de 2010 em Ribeirão das Neves/MG.

 

Informações sobre o projeto e sobre a programação do seminário podem ser encontradas no site http://www.projetohistoriadosamba.org.

 

“O samba foi instrumento efetivo de luta do povo negro para que ele pudesse se inserir na sociedade... Não vamos deixar o samba morrer, até mesmo porque a nossa história é a nossa cultura.”

Dóris

 

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Sun

01

Aug

2010

O Zumbi Africano

Há 10 anos, quando passeava pelos Jardins de São Paulo, nas esquinas da Avenida Paulista, um livro na vitrine me chamou a atenção: “Longo Caminho para a Liberdade”, uma autobiografia de Nelson Mandela. Não pude resistir. Comprei o livro! Tanta sabedoria por módicos 10 reais.


A edição era de 1994, ano da eleição de Mandela como primeiro presidente negro na África do Sul, 04 anos depois de ser libertado, após viver 27 anos na prisão.

 

Este ano, em função da copa do mundo de futebol, tive a oportunidade de assistir diversos documentários interessantes que relatam um pouco da vida deste homem dotado de tamanha humanidade!

 

Um deles contava a história da libertação de Mandela associada ao banimento e retorno do time de rúgbi da África do Sul à liga internacional.

 

Mandela acredita que o esporte tem o poder de mudar o mundo. E o esporte “dos brancos” serviu tanto de instrumento de pressão para a sua libertação, como de esperança de unificação do povo sul africano através do esporte.


O que mais me impressiona em Nelson Mandela é sua imensa capacidade de sublimar o sofrimento. Podendo liderar seu povo para uma guerra civil, ele, ao contrário, deu uma lição de sabedoria ao mundo inteiro e guiou seu povo para o perdão, para a unificação das raças, para a criação de um país onde era possível se pintar com todas as cores!

 

Pensei, então: Mandela é o Zumbi africano!

 

Nascido livre, no Quilombo dos Palmares, Zumbi é muito mais do que o guerreiro das armas. Zumbi é símbolo de liberdade, de abolição, de sabedoria, de esperança, de organização, de admiração, de liderança, de estratégia, de educação, de cultura, de inspiração, de vida, de amor, de beleza, de auto-estima, de coragem, de raça, de solidariedade, de resistência, de consciência negra. Zumbi é ponto de mutação!

 

Como diz a canção, “Valeu, Zumbi, o grito forte dos Palmares, que correu terras, céus e mares, influenciando a abolição. Zumbi, valeu!”.

 

E acrescento: Valeu, Mandela. O Zumbi dos Palmares Africanos! Mandela, valeu!

 

“Eu sempre soube que bem no fundo do coração humano havia misericórdia e generosidade. Ninguém nasce detestando outra pessoa por causa da cor da pele, da formação ou da religião. As pessoas precisam aprender a odiar, e se conseguem aprender a odiar também conseguem aprender a amar, pois o amor chega ao coração humano com mais naturalidade que seu oposto. Até nas épocas mais medonhas que passei na prisão, eu conseguia ter um vislumbre da humanidade existente em um guarda, talvez só durante um segundo, mas era suficiente para restabelecer minha confiança e me manter seguindo em frente. A bondade do homem é uma chama que pode ser escondida, mas nunca se extingue.”

Nelson Mandela

 

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Sat

24

Jul

2010

Olhos Negros

        Olhos Negros nasceu bem antes de ser concebido! Há tempos a negritude me fascina, em especial através dos amigos especiais que comigo caminham desde sempre.

        Esta admiração cresceu ainda mais no convívio com os amigos quilombolas do Mato do Tição, detentores de uma riqueza cultural belíssima, por ocasião do projeto de desenvolvimento sustentável “Mosaico Geraes”. 

        Nestes caminhos, a vontade de cantar cresceu dentro de mim. Uma vontade de desenvolver amplamente minhas potencialidades.

        Foi quando, em novembro de 2008, conheci Celinha Braga, cantora e professora de canto popular, que se encantou com minha voz, e convidou-me para produzirmos um show.

        A bela canção composta por meu irmão, Ernesto Marques, foi a inspiração para definir a temática do show: um olhar sobre a cultura negra através da música brasileira.

        Olhos Negros, portanto, é filho de vários pais e mães, fruto de várias mãos, carinhosas, dando o melhor de si, para criar esta linda viagem musical pela cultura dos negros afro descendentes.

        Olhos Negros é a expressão do amor que nasceu em mim, amor por todas as cores, por todas as raças!

        A todos, uma fantástica viagem!!!

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