Cultura Quilombola

Uma pessoa me disse que andava desacreditada da sobrevivência da cultura quilombola. Eu discordo.


A cultura negra faz parte da história da humanidade. Ela é o nosso berço. Ela é nossa ama de leite.


Especificamente no Brasil, ela está presente nas danças, na culinária, nas festas, na nossa pele, nosso cabelo, na nossa crença, na música, nas brincadeiras de criança, ...


Está nas ruas, nas cidades, nos corações, no vizinho ao lado. Está tão profundamente entranhada em nossas veias que só não vê quem carece de visão.


Deixar morrer a cultura negra é deixar morrer nossa própria história!


Por outro lado, é muito cruel querer que os quilombolas vivam em condições subhumanas, como muitos vivem hoje. Essa não era a proposta original dos quilombos. Lá havia também dignidade!


É preciso levar condições e atratividade para que os quilombolas permaneçam em suas origens. Mas achar que manter suas origens significa não deixar nunca seus quilombos para ver e conhecer outros mundos e culturas é sutilmente querer manter uma subjugação, uma distância, de quem, preconceituosamente, ainda considera os negros indignos de participar do nosso círculo de convivência. Eles também têm o direito a acessar o que o mundo oferece.


Mas como é, então, deixar viver essa cultura belíssima?


É se propor a transmitir, de geração a geração, a história representativa de Palmares, repleta de exemplos de vida, de superação, de sabedoria!


É compreender, de geração a geração, os significados escondidos por trás dos símbolos.


É contar, de geração a geração, que os negros e sua cultura estão associados, cada vez mais, à história, à festa, à alegria, aos tambores, às congadas, às manifestações religiosas.


É levar, de geração a geração, essa cultura mundo afora!

Cada dia mais. Cada vez mais!

 

“Saber, cultura, tradição...

Fogueira, lenha e tição...

Conga, Maria, assombração ...

Folia, reza, emoção...

Um povo negro, amigo, e forte.

Sagrado, mito, ebulição!

Que vive um tempo estranho.

Sobe o morro

Em meio à escuridão.

 

Olha os nego do meio da mata!

Olha a festa no meio da mata!

Nego na escuridão da mata.

Olha os nego!

Olhos Negros!”

 

Trecho da canção “Olhos Negros”, de Ernesto Marques.

Uma homenagem aos amigos do Quilombo do Mato do Tição

 

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